23 coisas que aprendi aos 23 anos.

Para quem me segue nas redes sociais sabe que domingo foi o meu aniversário (self-promo: @cresce.e.aparece). Eu não costumo gostar muito do meu aniversário, mas adoro o mês de setembro e a virada do verão para o outono. Para mim, é sempre um momento de mudanças e de planear coisas; acaba por ter mais impacto este mês, para mim, do que propriamente o ano novo. Assim, decidi fazer um hábito anual que é mencionar certas coisas que aprendi com a idade que tinha. Algumas acabam por ser repetidas porque acaba por ser algo que reaprendo e que acabo por interiorizar melhor em particular nesse ano.

23 coisas que aprendi aos 23 anos.

Há algumas vezes que publico as coisas que aprendi, outras vezes guardo para mim. Partilhei sempre até agora, só faltando partilhar aos 21 anos. No ano passado até só fiz 10 coisas, não achando necessário acrescentar mais. Ver as coisas que já não se enquadram tanto comigo e ver aquelas que ainda permanecem de encontro com os meus valores é realmente muito giro.

1. Guarda e aproveita os momentos.

Cada vez mais tenho andado obcecada em guardar e aproveitar os momentos que me são mais pertinentes. Eu percebi que a vida é demasiado curta para estar a ligar a confusões desnecessárias que não acrescentam nada na minha vida. A maneira que arranjei de o fazer foi usando câmaras fotograficas e escrevendo sobre o dia; seja uma pequena frase ou uma página, escrever sobre o que senti naqueles momentos e ter provas fotográficas para acompanhar é incrível. Servem como um diário de recordações. No entanto, tento não estar tanto no telemóvel como costumava estar para, lá está, aproveitar o tempo. Uso-o para tirar a fotografia e é apenas isso.

2. Tira tempo para ti.

Eu já disse isto no anterior, mas não consigo reiterar o suficiente o quão importante é ter tempo para nós mesmos. É importante cuidarmos da nossa saúde mental, física e emocional. E com isto não é só usar máscaras faciais e pintar as unhas – é preciso praticar o amor-próprio e o bem-estar. Criar uma rotina na qual dediques tempo a ti para relaxares e para colocares tudo em perspetiva, uma rotina que de desacelere e que te acelere quando for preciso.

3. Claridade e honestidade, acima de tudo.

Não diria acima de tudo porque não pensei muito sobre isso, mas uma das coisas que aprendi foi que devemos ser claros sobre as nossas intenções e trazer honestidade sempre para as conversas. Isto porque as nossas palavras podem ser interpretadas de maneiras diferentes do que aquilo que pretendemos. Eu sou mega fã de usar sarcasmo, mas é preciso saber como o usar, com quem usar e em que altura usar.

4. Sê egoísta. 

E com isto, claramente, quero dizer – põe-te em primeiro lugar. Isto requer prática, é óbvio, porque o ser humano é um ser social e gostamos de ser gostados por toda gente. E com isso vem fazer favores e ajudar toda gente. Diz não. Se for preciso ignorar alguém para o teu bem-estar, ignora por uns tempos, mas depois precisas de ser sincero com essa pessoa. Se não a queres na tua vida, manda-a embora. Eu tenho recentemente percebido que ainda não me sinto bem e que há coisas que se tornam gatilhos para mim; invés de continuar a submeter-me a essas situações, retirei-me delas porque eu preciso de estar bem de forma a ajudar alguém, coisa que eu não entendia antes.

5. Não vou medir palavras para agradar. 

Um bocado dentro das linhas que as últimas duas lições falaram: não vou andar a medir palavras ou gestos para agradar as pessoas ou para que se sintam menos mal. Eu tenho confiança em quem sou e naquilo que defendo e eu sei que todos erramos e que muitos dos meus valores podem nem ser corretos, mas vamos ver as coisas por outro prima.

Muito bem, eu estou a falar de algo e dou a minha opinião com uma voz calma e sem ser sarcástica. A outra pessoa fica ofendida e diz que eu fui rude e que devia ter pensado no que disse. Okay, mas… será que devia? Eu fiz a minha parte, certo? Dei a minha opinião de forma controlada. A outra pessoa ofendeu-se porque foi uma opinião contrária à dela. A culpa já não é minha.

Não só nesse sentido, mas também não vou andar a passar paninhos quentes nas feridas das outras pessoas se elas estão claramente erradas. Não esperem isso de mim. Lá está, eu vou ser honesta, clara, egoísta e não vou medir palavras para agradar.

6. O privilégio é real e as pessoas não entendem isso.

Isto é algo que me perturba um bocado porque realmente as pessoas não entendem o privilégio que têm sobre tudo. Estou a falar do mundo que eu conheço, claro. Conheço várias pessoas que são machistas, racistas, xenófobas, homofóbicas, tudo o que é de errado no mundo, entendem?

Todavia, faz-me muita cominhão quando ouço certas coisas como “filhos da **** vêem para aqui receber do Estado sem trabalhar”, “anda sempre vestida à **** depois queixa-se que algo lhe acontece”, “aquelas duas dizem ser namoradas, mas não entendem que Deus criou uma ficha e uma tomada porque duas tomadas não dá luz”. Isto são coisas normalmente ditas por homens (e algumas mulheres), caucasianos, heterossexuais e cristãos.

A piada no meio disto tudo é que eu pensava que as pessoas letradas sabiam melhor do que dizer barbaridades, mas conheço gente com licenciaturas a dizer coisas bastante estúpidas e a serem snobs. Foi das coisas que aprendi que mais me custou aceitar porque é muito complicado para mim entender como é que não entendem certas coisas que são de senso comum.

7. As pessoas vão criticar e está tudo bem. 

Eu agora rio-me desta aprendizagem, mas antigamente eu levava muito a mal quando alguém criticava algo que eu fazia, criava ou dizia. Isto porque, admito, não sabia lidar com críticas porque nunca ninguém me ensinou a fazê-lo. Este ano percebi que não há forma de as controlar. O que eu posso controlar é a forma como reajo. Tudo aquilo que eu crio, digo ou faço sai de mim, a forma como chega a alguém, já não dá para controlar. As pessoas interpretam da maneira como elas querem, muitas das vezes, porque lhes convém que seja dessa forma. Num livro que eu gosto muito, Big Magic da Elizabeth Gilbert, diz algo como “Eu só posso estar no comando de produzir o próprio trabalho. Isso já é uma tarefa difícil. Eu recuso-me a aceitar trabalhos adicionais como tentar policiar o que alguém pensa do meu trabalho depois de sair da minha secretária.“. Na minha opinião, isto pode-se enquadrar em qualquer coisa da vida.

8. A vida tem o seu significado, mas é insignificante.

Há uns anos para cá que sinto uma coisa muito esquisita, mas que acaba por me centrar: eu sou um ponto pequeno no mundo. Vamos lá pensar: eu sou uma pessoa no meio de 7,8 bilhões, num planeta no meio de tantos outros planetas, numa galáxia no meio de tantas outras galáxias. Eu acabo por ser muito significante no meio deste mundo enorme e isso ajuda-me a não me levar tão a sério e a ter calma com a vida, mas ao mesmo tempo, eu sei o poder que tenho e que sou importante. Esta é muito confusa, eu sei, mas foi das melhores coisas que aprendi sinceramente.

9. O teu exterior reflete o teu interior.

Isto é tão, mas tão importante! Eu demorei a perceber que tudo o que se passa de exterior no nosso corpo, acaba por ser uma reflexão do que se passa dentro do nosso corpo e da nossa mente. Borbulhas na cara, cansaço, dor nas articulações, cabelos brancos, cabelo quebradiço, olhos secos, etc. Sim, basicamente eu sou uma velha de 90 anos, já tenho dores nas articulações e tudo. Apesar de certas dores físicas terem sido resultado do acidente que tive há um ano, melhor bastante a dor de alongar ou fazer exercício leve. No entanto, se eu tiver stressada, as dores aumentam ao ponto de não me conseguir mexer. É preciso ter tudo em harmonia porque o corpo, a mente e o espírito são um só.

10. Reconhece os teus limites.

Emocionais e físicos. Reconhece o que aceitas das outras pessoas e até que ponto é que isso é saudável para ti. Falo especialmente em termos psicológicos porque, muitas das vezes, arranjamos desculpas para as ações e para o que os outros dizem. Aceitamos tudo para não criar confusões e as pessoas acabam por nos pisar até à última gota de sangue sair do nosso corpo. Não. Se te sentes desconfortável com algo, precisas de ter coragem e de o dizer. Isto também acaba por ser um ato de amor-próprio e, claro, é preciso prática para conseguir ser assertivo(a).

11. Faz coisas que te metem medo.

Desafia-te. Sai da tua zona de conforto. Muitas vezes eu deixo a minha ansiedade vencer e prender-me dentro de casa. Tenho reparado que a ansiedade tem crescido a um ponto em que estou com os meus amigos e começo a ter um ataque. Ainda assim, e acreditem que isto requer imenso esforço da minha parte, eu tento sair da minha zona de conforto, mesmo que isso me cause um ataque de ansiedade. Lá está, isto vem ao encontro do que disse no ponto anterior: conhece os teus limites. Eu sei bem aquilo que posso aguentar e sei que, se for demasiado para mim, eu posso simplesmente parar.

12. As pessoas mostram o seu carinho de maneiras diferentes.

Realmente esta aprendizagem foi algo muito próximo do meu coração. Eu aprendi que todas as pessoas têm diferentes maneiras de amar e demonstram o seu carinho e afeto de maneiras diferentes. É preciso haver uma compreensão sobre isso porque, muitas vezes, é assim que acontece os desentendimentos nas relações. Tenho gente na minha vida que não é muito de mostrar afeto físico e com palavras, mas que faz pequenas coisas para mostrar que se importam comigo e que querem o meu bem-estar. Precisamos de olhar de outra forma. Honestamente, recomendo a toda gente procurar os tipos de linguagem de amor. Fiquei fascinada e muita coisa fez sentido a partir do momento que li sobre isso.

13. Nutre as tuas relações.

De nada adianta dizem “ah, depois marcamos algo”, toda gente sabe que isso é código para “não me apetece”. Além disso, se as pessoas querem, elas libertam a sua agenda para ti. Seja um encontro, uma chamada, uma mensagem, há sempre maneiras de nutrir as tuas relações e, hoje em dia, com a internet, não há desculpa para não enviares uma mensagem àquela pessoa com quem não falas há anos! Eu sou a primeira a esquecer-me de responder às pessoas, mas isso sou eu que sou idiota e respondo mentalmente, mas esqueço-me de escrever!

14. Confia na tua intuição.

Eu tenho um sexto sentido bastante apurado, diria. Não me perguntem porquê nem como, mas quando eu não vou com a cara de alguém ela acaba sempre por uma pessoa menos boa. Até hoje, só errei 1 vez. É preciso que confies na tua intuição porque, maior parte das vezes, ela não está errada. Se achas que não deves sair hoje, se achas que não deves

15. A tua voz importa.

Muitas vezes estou a dar a minha opinião sobre algo (nomeadamente, a comentar as barbaridades que os facistas dizem, vocês sabem quem são). A resposta que recebo, maior parte das vezes, é “não és tu que vais mudar o mundo”. No início eu ficava muito abalada quando me diziam isso porque sentia-me impotente. No entanto, comecei a pensar e cheguei à conclusão que eu também não quero mudar o mundo. Não por completo. Eu só quero mudar a vida de uma pessoa e essa pessoa pode mudar a vida de outra pessoa e acaba por criar um efeito de bola de neve. A minha voz importa. Se todos os revolucionários pensassem que a sua opinião não importa, o mundo não evoluía. 

16. Tudo que sobe, também desce.

Já se deve ter notado que eu relativizo muito para não me levar tanto a sério e isso foi das coisas que aprendi a fazer por necessidade mesmo. Bom, uma das coisas que aprendi foi que da mesma maneira que os momentos tristes são temporários, os momentos felizes também. E claro que isto é falado de forma muito geral e muito preto e branco… Mas ajuda-me a perceber que tenho de aproveitar os momentos bons porque eles não duram para sempre e que os momentos maus acontecem para ensinar algo, sempre.

17.  Todo o processo é complexo.

Tudo na vida é um processo complexo. Amor próprio, desenvolvimento pessoal, estabilidade mental, estabilidade financeira, aprender alguma coisa nova, tudo é complicado e não é, de todo, linear. Vai haver passos para trás e vai haver momentos que vai dar vontade de desistir de tudo. Obviamente, não há mal nenhum em desistir de algo que já não faz sentido na nossa vida! No entanto, se é algo que tu queres muito e recebes mil e um sinais que não devas fazer, tenta só mais uma vez e quem sabe se não é dessa?

18. Não tomes uma decisão com base em emoções temporárias.

Não consigo sublinhar isto o suficiente! Todas as coisas que eu aprendi e que estou a mencionar são importantes, mas destacaria esta, eu acho. Eu vejo as pessoas e eu mesma incluida a tomar decisões um pouco permanentes por causa de emoções temporárias. Eu acho que aprendi muito este ano sobre parar um bocado para ponderar e meditar sobre as coisas que quero fazer e que quero dizer. Também, tentar não agir de cabeça quente porque há coisas que se dizem que nem de cabeça quente se deve dizer porque magoam muito.

19. Se não perguntares, a resposta vai ser sempre não.

SIM! Logo eu que tenho vergonha de falar com as pessoas sou a primeira a dizer isto! (Agora, né). Especialmente quando não tenho àvontade com a pessoa, tenho muito medo de falar ou perguntar algo. Comecei a sair da minha zona de conforto ao pensar que se eu não perguntar, a resposta vai ser sempre não na minha cabeça, não é? É inevitável isso. Logo eu que imagino logo os cenários mais péssimistas possíveis e foi uma das coisas que aprendi! Concluindo, se eu consigo, tu também!

20. Alguém pode não funcionar contigo, mas funcionar com outra pessoa.

Eventualmente, acabas por encontrar alguém com quem não conectes tanto e não encaixes, mas encaixa com outra pessoa. É muito comum ver gente com quem não me dou e amigos meus dão-se super bem com essas pessoas. Infelizmente, há muitos casos que isso acontece, especialmente com ex-parceiros. E está tudo bem com isso. Acredito fiamente que existe sempre pessoas que são destinadas a estarem próximas de nós, então, vai haver sempre um amigo ou um parceiro(a) que vai ser a nossa cara metade, só temos de ficar atentos para os encontrar! Das coisas que aprendi que mais me marcou, eu acho.

21. Se tu és a pessoa mais inteligente da sala, algo está errado.

Gosto especialmente desta porque a primeira vez que eu ouvi isto não fez sentido na minha cabeça. Então, se eu for a pessoa mais inteligente na sala, quer dizer que sou boa naquilo que faço, não? Sim e talvez não. Ora, explicado como se fosse para criancinhas pequenas: tu estás em contastante aprendizagem. E toda gente à tua volta devia estar também porque isso significa que estão a crescer e a expandir. Eu quero ser capaz de estar rodeada com pessoas que me possam ensinar várias coisas e que estejam sempre a evoluir. Além disso, significa que não fiquei arrogante ao pensar que já sei tudo, logo não preciso de aprender mais nada.

22. Nem tudo é o que parece.

Penso que é bastante autoexplicativo. Seja sobre o que se passa nas redes sociais, o que se passa na vida dos teus amigos, nos teus vizinhos. Temos muito a mania de comentar aquilo que vemos sem saber a verdade e, maioritariamente das vezes, nós só sabemos o nome da pessoa e não a sua história. Eu sei que esta frase é muito dita nas redes sociais, mas é a verdade. Nós não sabemos a batalha interna que certa pessoa está a lutar, nem que sejam os nossos amigos. Igualmente, não sabemos se aquela influencier que publicou aquela foto no mar da Grécia se não está a fingir que está lá.

23. Ninguém quer saber.

Quando eu era praxante fazia os meus caloiros dizerem isto em voz alta. Levava sempre com comentários a dizer que isso era bastante mau de os mandar dizer, mas nunca me perguntaram o porquê de o fazer. Quando eu digo que ninguém quer saber, significa isso mesmo porque toda gente está preocupada com as suas próprias coisas para se preocupar com as tuas inseguranças. Estás inseguro(a) sobre esse vestido? Ninguém quer saber, veste-o na mesma se estás preocupado(a) com opiniões alheias. Às vezes, as pessoas só notam quando não têm mais nada para fazer da vida, então ocupam-se em se meterem na tua. Foi das coisas que aprendi que demorou a encaixar, sinceramente. Não te preocupes com o que os outros pensam porque ninguém com a sua própria vida quer saber do que fazes com a tua.

Sobretudo, eu acho que os vintes são complicados. Eu acredito que toda a década seja complicada, mas ainda só passei por duas décadas e um quarto quase, então, deixem-me dar a minha opinião. É aquela fase em que tens de crescer e saber o que é ser adulto, tens de saber o que queres fazer para o resto da tua vida, tens de lidar com as expectativas de toda gente, tens de te descobrir e tantas outras coisas. É complicado ser jovem adulto, ainda para mais na nossa geração e a pandemia não está ajudar em nada.

Apesar disso tudo, é bom ser jovem adulto. É a altura de cometer erros e de ainda me safar com o facto de ser jovem. Bons erros, okay? Conforme o tempo passa, nós percebemos quais são os erros bons e os erros maus (ou é o que é suposto) por isso, não te preocupes tanto em querer crescer.

Estas foram as coisas que eu aprendi. E tu? Que coisas é que aprendeste que gostavas que toda gente soubesse?

Até já,

Diz o que pensas! ;)

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